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Gesner Oliveira

Em meio a crise do novo coronavírus somente farmácias e supermercados conseguem manter as vendas

Updated: Aug 19, 2020



Segundo o IBGE, o comércio varejista retraiu 2,5% em março.


A queda das vendas é um reflexo pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento social, que resultaram no fechamento do comércio não essencial em boa parte do Brasil, a partir do final de março.


Seis das oito categorias apresentaram quedas significativas, a maior foi do setor de vestuário e calçados (-42,2%). Considerando o volume de vendas do comércio ampliado, que inclui veículos, peças de veículos e materiais de construção, a redução do volume de vendas foi bem superior, de 13,7%.


A queda só não foi maior porque supermercados e hipermercados, que continuaram abertos, cresceram 14,6%. Lembre-se, ademais, que o medo do desabastecimento nos primeiros momentos aumentou fortemente a demanda por alimentos. Além de supermercados, a venda de artigos farmacêuticos, médicos e perfumaria subiu 1,3%.




Com a divulgação nesse começo de mês dos dados referentes a março, é possível ter uma estimativa do PIB da economia brasileira no primeiro trimestre.


Os três setores cobertos por pesquisas do IBGE apresentaram queda no 1º trimestre: a indústria (-2,4%), serviços (-0,1%) e varejo ampliado (-4,2%) caíram pelo péssimo resultado de março. Isso permite estimar uma queda do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 1,5%.


Lembre-se a pandemia chegou antes na Europa e derrubou o PIB da União Européia em 3,8%.


Infelizmente é um prenúncio daquilo que deve ser contabilizado como custo econômico da pandemia no 2º trimestre, quando seus efeitos sobre o Brasil ocorrem de forma mais aguda. As novas projeções do Ministério da Economia também indicam isto. Para 2020 é projetada uma recessão de 4,7%, o que seria a maior já registrada, e uma inflação de apenas 1,77%, abaixo do piso da meta de 2,5%.


Nesse sentido, é importante que os responsáveis pela política econômica no Brasil atuem de acordo com desafio. O corte da taxa Selic em 0,75 p.p na última reunião é um exemplo de uma decisão correta.


A ata do Copom divulgada ontem indica apenas mais um corte de no máximo 0,75 p.p, na próxima reunião em 16 e 17 de junho. É preciso cautela com estas mensagens. A incerteza é tão grande na atual coinjuntura que não é possível descartar que exista espaço para cortes adicionais na taxa básica de juros.

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